Rio de Janeiro / RJ - sexta-feira, 29 de março de 2024

TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL

 

TERAPIA  DE  REPOSIÇÃO  HORMONAL (TRH) -  BENEFÍCIOS:

 

TRH  e  CA  COLORRETAL.

O Estrogênio parece diminuir a produção de Ácidos Biliares 2º (metabólitos), impedindo, assim, as alterações malignas no epitélio do colo, que levariam ao processo tumoral, ao câncer colorretal. Ele, também, parece atuar sobre a flora bacteriana intestinal, que usaria os ácidos biliares para a  produção de DIACILGLICEROL, que ativaria a chave enzimática do crescimento e produção tumoral.

 

TRH  e  SAÚDE  ORAL.

Estudos recentes demonstraram uma íntima relação entre perda dentária, reabsorção alveolar e osteoporose.

Com relação a massa óssea mandibular (cortical ou alveolar) e a perda dentária há uma real associação.

Assim, pois, a TRH evita a queda dentária e promove maior meia vida para os remanescentes.

Os Estrogênios podem estimular a proliferação de fibroblastos, a maturação de tecido conjuntivo, por sua ação sobre o colágeno, bloqueando a sua degeneração. Eles agem, também, no epitélio gengival.

A sua falta leva a atrofia gengival, propiciando maior sangramento e ulceração da mesma.

 

TRH  e  OFTALMOLOGIA.

A espessura da córnea (decorrente da sua hidratação) está diretamente relacionada com o teor de Estrogênio.

A maturação conjuntival depende do teor de Estrogênio:

Diminuição do Estrogênio à diminuição da hidratação ocular à metaplasia escamosa à Ceratoconjuntivite Seca (Olho Seco).

 

As flutuações hormonais afetam as glândulas lacrimais na sua produção, pela alteração do balanço Androgênio-Estrogênio, na qual o Estrogênio age inibindo o Androgênio, e este aumenta a secreção de lágrimas.

Diminuição do Estrogênio à aumenta o Câncer lacrimal à manchas na córnea.

 

Estrogênio + Progesterona  à dimuição da água ocular à diminuição da pressão intra-ocular.

 

A TRH é benéfica na prevenção ou no prognóstico da AMD (Degeneração Macular relacionada com a idade) e da Catarata.

 

TRH  e  DOENÇA  DE  ALZHEIMER.

Doença de Alzheimer : é a deterioração do tecido cerebral, em face da redução do número de neurônios (morte neuronial) e do comprometimento da função dos remanescentes.

Devido, pois, a incapacidade de regeneração do tecido nervoso os sintomas cognitivos, comportamentais e afetivos se instalam.

Na Doença de Alzheimer há importante comprometimento dos neurônios colinérgicos, que estão envolvidos com a memória e o aprendizado.

A Doença de Alzheimeer acomete mais as mulheres, especialmente as magras.

 

Efeitos  dos  ESTROGÊNIOS  no  SNC (Sistema Nervoso Central):

1- Interagem com receptores de membrana ou nucleares no tecido cerebral, influenciando a síntese de proteínas e de fatores de crescimento;

2- Melhoram o fluxo sanguíneo cerebral;

3-Aumentam o uso da Glicose cerebral. No hipocampo (funções cognitivas) há uma maior redução do metabolismo da Glicose, e o seu transporte depende de Estrogênios. A glicopenia é tóxica para as células cerebrais;

4-Regulam as enzimas específicas do cérebro: Acetil Colina-Transferase, Monoamino-Oxidase, Catecol-O-Metil-Transferase, Hidroxilases, Descarboxila-

ses;

5- Melhoram os níveis de alguns neurotransmissores cerebrais: Adrenalina, Noradrenalina, Serotonina, Acetilcolina;

6- Diminuem a resposta inflamatória na placa neurítica;

7- Diminuem o stress oxidativo;

8- Diminuem os níveis de Apo-E (liga Lipoproteínas ao Receptor LDL);

9-Estimulam a Beta-Secretase, que quebra a APP (Proteína Precursora Amilóide), produzindo um fragmento solúvel não tóxico (sAPP), ao invés do tóxico (Alfa-Amilóide) às células nervosas.

 

TRH   E  TROMBOEMBOLISMO  VENOSO.

A TRH está associada a um aumento relativo no risco de desenvolvimento de tromboembolismo venoso (TEV), isto é, trombose venosa profunda ou embolismo pulmonar. Esse aumento de risco, foi encontrado somente em usuárias atuais de TRH e não persistiu em usuárias anteriores.

Recomenda-se cautela diante de pacientes com história de icterícia e prurido. Se ocorrer icterícia colestática durante o tratamento, deve-se suspender o tratamento e realizar-se investigações apropriadas.

Mulheres com hipertrigliceridemia familiar requerem supervisão especial. Medidas hipolipemiantes são adicionalmente recomendadas antes do início da TRH.


TRH  E  DOENÇA  CARDIOVASCULAR
.

A TRH melhora vários fatores de risco para a doença coronariana e também na prevenção 1ª (mulher sem coronariopatia).

 

Estrogênio --> diminuição do LDL / aumento da Lp A / aumento HDL/ diminuição do Fibrinogênio / diminuição  PAI -1.

 

Diminuição Lp A --> Efeito antiinflamatório.

  

Estrogênio causa a Vasodilatação + Redução da Atividade Simpática + Efeito antioxidante na LDL (causa redução da sua captação na parede vascular) --> Melhora da PA.

 

NOTA: O Estrogênio do anticoncepcional pode causar hipertensão arterial, ao contrário do da TRH.

 

A associação com a Progesterona atenua o benefício do Estrogênio, devido ao efeito adverso lipídico (Triglicerídios h, exceto na forma não oral) e na vasodilatação. Mesmo assim, há benefícios da terapia combinada na prevenção 1ª.

 

A Tibolona reduz a LDL oxidada e não apresenta nenhum risco de câncer e as mulheres têm grande aderência, ao contrário do Raloxifeno, que leva a “flush” com freqüência e pode reduzir o HDL.

 

 Fitoestrogênios --> diminuição LDLi + aumento densidade mineral óssea + Efeito angiogênico.

 

São achados nas Isoflavonas (soja), cereais, sementes claras, alfafa, vinho e uvas (como o Resveratrol). São antineoplásicos.

 

Em nível de prevenção 1ª da Doença Cardiovascular (DCV) com TRH destacam-se 3 trabalhos: Estudo das enfermeiras (NHS); LRC e Estudo de Henderson.

 

HERS (Heart and Estrogen / Progestin Replacement Study): feito com mulheres coronariopatas de baixo risco (prevenção 2ª).

Usou-se uma terapia combinada contínua (0,625mg de estrogênios conjugados eqüinos + 2,5mg de medroxiprogesterona) que foi comparada com o placebo. Após 4,1 anos, o estudo não demonstrou efeito da TRH na recorrência de coronariopatia. No grupo da TRH, houve inesperado e substancial aumento do risco nos primeiros 4 meses, seguido de declínio para risco relativo após 2 anos. Deve-se considerar, entretanto, que todas as mulheres deveriam estar usando Aspirina e Estatina (prevenção 2ª), pois no subgrupo em que foram usadas, houve benefício da TRH e redução de risco, com diminuição do tromboembolismo venoso.

Neste estudo, o aumento de coronariopatias no 1º ano consistiu de problemas arteriais e não venosos. Assim, o aumento no risco tromboembólico não explicaria a alta incidência de coronariopatias vistas no 1º ano.

 

Nurses’ Health Study : foi concordante com o HERS apenas na diminuição das cifras de novos eventos coronarianos após 2 ou mais anos de TRH, mas, nas pacientes sem doença prévia, as usuárias de TRH tinham risco diminuído para coronariopatias.

 

ERA (Estrogen Replacement and Atherosclerosis): feito com mulheres na pós-menopausa e coronariopata. Aqui não houve aumento de coronariopatias no 1º ano e nem benefícios da TRH.

O tempo de observação não foi o suficiente para o objetivo inicial do estudo, a Aterosclerose, que é de instalação lenta e, assim, pois, não se pode tirar conclusões seguras.

Como , ainda, devem ser testados diferentes regimes terapêuticos, usando diferentes doses e vias de administração.

 

Estudos observacionais apontam benefícios inquestionáveis da TRH na prevenção 1ª.

 

Contra-indicações da TRH:

Absolutas { Sangramento Vaginal + Hematopatia + Tromboembolismo Venoso.

Relativas { Doença Biliar Ativa + Triglicerídios h.